por Gustavo Henrique Ruffo e Lucas Litvay / Projeções: João Kleber Amaral e João Brigato - publicado na edição nº 56 (ago/2012)
A Fiat caminha para seu 11º ano como líder de vendas no Brasil. Uma explicação para este sucesso é sua sólida atuação nos segmentos mais volumosos, os de carros pequenos. Mas a marca pretende mais, não só por uma questão de vendas, mas também de lucros. Quanto mais barato e menor é um carro, maior é a necessidade de vender quantidades grandes dele para que o projeto se pague e renda bem. E a Fiat sente que o mercado brasileiro está mudando, com procura maior por modelos médios e mais caros. Resultado: os planos da empresa também estão diferentes. E a gente vai te contar sobre eles daqui a pouco. De pronto, o que podemos dizer é que, em vez de investir em carros baratos, a marca concentrará esforços no que o brasileiro deseja. E um dos modelos que encarnam essas novas aspirações é o concorrente da marca para o EcoSport, conhecido como 500X ou 500Cross, que deu as caras de um jeito inesperado no mês passado.
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A dianteira é quase a mesma do 500: faróis redondos, grade com um ressalto em forma de bigode de mexicano no qual vai o emblema da marca e lanternas traseiras com moldura cromada, tom que é repetido pelas maçanetas externas. Em suma, é um 500 para carregar a família e passar em lombada e valeta sem dó. A ideia da Fiat é transformar o 500 em uma marca à parte, como a BMW fez com aMini. Assim, o urbaninho seria apenas a fonte de inspiração (e de carisma) a estes novos modelos. Até porque, fora a aparência, de 500 eles não têm nada.
Plataforma SUSW
Criado sobre a mesma plataforma da minivan, o 500X dará origem também a um derivado da Jeep, conhecido como Phoenix. Aqui no Brasil, ele será produzido na futura fábrica da Fiat em Goiana, Pernambuco. Mas ali não seria feito o City Car? Seria, mas os planos mudaram. A gente explica mais adiante.
A tal plataforma é uma derivação da Small Common Components System, a SCSS, usada no Puntoeuropeu e muito parecida com a Gamma II, que chegou ao Brasil com o Chevrolet Cobalt. Lembra da parceria entre Fiat e GM? Pois é: ela vem daí. Mas não é exatamente igual. Ela se tornou a SUSW, ou Small United States Wide. Em outras palavras, é mais larga e atende aos requisitos de segurança dos Estados Unidos. Isso porque o carro será feito também em Mirafiori, na Itália, e exportado para lá.
A plataforma pode ser usada desde em modelos médios a pequenos, o que mostra que o utilitário com cara de 500 tem chance de ter excelente entre-eixos para seu segmento. A 500L tem 2,61 m. O novoFord EcoSport tem 2,52 m, 9 cm a menos, e o Duster, 2,67 m, 6 cm a mais. O 500X seria o intermediário entre estes dois (pelo menos em dimensões). O utilitário terá cerca de 4,20 m de comprimento e a missão de aposentar o Fiat Sedici, um Suzuki SX4 submetido a engenharia de emblema. Assim como o modelo japonês, o 500X vai oferecer tração nas quatro rodas. Nas versões mais simples, a tração será apenas dianteira.
Se a minivan se contenta com um motor 1.4 de 95 cv ou com o 0.9 TwinAir Turbo de 105 cv, a possibilidade de o 500X usar as mesmas opções na Europa é grande, ainda que a 1.4 MultiAir Turbo talvez também esteja na manga. Por aqui, o utilitário terá de apelar para receitas mais fortes. E isso será fácil: os motores 1.6 e 1.8 E.torQ são as escolhas mais prováveis, sem falar na versão turbo do 1.6, que está em desenvolvimento e deve substituir, em breve, o 1.4 T-JET, importado da Itália. A vantagem deste motor é que, além de ser turbo, o que lhe garante mais potência, ele também será flex.
Fiat Viaggio
A fábrica de Goiana (PE) seria construída com um propósito: produzir o novo subcompacto da Fiat, carrinho com a responsabilidade de substituir o Mille. Só que o projeto foi suspenso. “O mercado brasileiro mudou”, disse uma fonte para explicar por que o City Car subiu no telhado. Com isso, a fábrica pernambucana se voltará a outros produtos, com margens de lucro mais altas e que não exigem o mesmo volume de produção para se pagar. Em outras palavras, o 500X e um sedã médio. Se você disse Viaggio, acertou o modelo, mas não o nome, que deve ser trocado.
Na Europa, cogita-se que ele vai reavivar o nome Tempra. Como a Volks trará o Santana de volta, a febre saudosista pode afetar também a Fiat. Com pelo menos uma grande vantagem: o Tempra também fez sucesso por aqui.
O Viaggio é basicamente um Dodge Dart empobrecido. Em vez de suspensão multibraços na traseira, usa eixo de torção. Em vez dos motores 2.0 e 2.4 TigerShark, só terá, na China, o 1.4 T-Jet, com 120 cv e 150 cv. Tudo o mais é semelhante: a plataforma CUSW, da Fiat, os 4,68 m de comprimento, o 1,85 m de largura e os 2,71 m de entre-eixos. Até o estilo, com sutis diferenças. Por dentro, a generosidade da Fiat será retribuída pela Chrysler em forma de equipamentos eletrônicos. Toda a parte de tecnologia dos carros, tanto do 500X quanto do Viaggio, virá do agora braço americano da Fiat.
Hatch
Além do Viaggio, a Fiat deve fabricar também a versão hatch, ainda não revelada, em Goiana. Com entre-eixos igual ao do irmão maior, o hatch deve se posicionar acima do Bravo, que terá redução de preço para se tornar mais competitivo. Isso se a Fiat não resolver apenas substituir o Bravo. No Brasil, ele é um modelo relativamente novo, mas existe na Europa desde 2007. Deste modo, quando o Viaggio hatch começar a ser vendido aqui, por volta de 2014, o Bravo terá quatro anos de mercado.
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